sábado, 5 de agosto de 2023

Amaraji na Passarela -em Prosa e Verso

 

Amaraji está situada a uma distância de 96 km da capital Recife pela BR 101, e 110 km pela BR 232. Situada na Zona da Mata Sul, rodeada de águas por todos os lados rios e lagoas. Sua maior fonte de renda ainda é a Cana-de-açúcar, porém já desenvolve várias outras culturas. Uma outra cultura forte na região é o Chuchu, sendo considerada a maior produtora. Para se chegar aqui existem dois caminhos: pela PE 63 são 25 km passando pela Usina União e Indústria até a BR 101; e pela PE 71 com uma distância de 27 km até a BR 232, passando pela cidade de Chã Grande que divide com a cidade de Gravatá. A BR 232 que liga o Recife ao sertão.

Em alguns versos sobre a cidade daremos um passeio rápido e falaremos de alguns personagens e também fatos com respeitos a estes integrantes da narrativa em questão.

Abordaremos fatos acontecidos e em forma de prosa pois daria um romance dissertar em versos. Algumas coisas são elogiosas outras um tanto jocosas. Amaraji é um prato cheio para conversas ali no pé do santo, estátua de São José na frente da igreja.

 

Ela já foi Vila e Povoado

E solta para criar gado

De Cambão Torto não passa!

Passou e bem passado

Hoje é centro financeiro

Comemora-se o feriado

 

Cidade de João Bracinho

No disparo da ronqueira

Du Reis levando recado

Para todo mundo na ribeira

Corisco com o seu baralho

Sustentava a gafieira

 

O rezador era Zé de Sena

Lá no começo da Cidade

Digo assim do lado Sul

Pois do outro lado é Bondade

Lá íamos comprar laranja

E Otávio, nem visitava o Abade.

 

Otávio Fidelis de Moura

Caçula do meu tio João Fidelis

Lá pelos 10 anos, em Amaraji,

Vendia laranja para a Micheli

Descascada e preparada

Pois trabalho é marca dos Fidelis

 

Escorregou para Alagoas

E com os alimentos em questão

Sobreviveu o tempo todo

Com macarronada e pirão

Através de restaurantes

Em Maceió com o Lampião

 

Ainda do lado Sul da cidade

No sopé da entrada da Rua

Morava Antônio Patrício

Debaixo da gaiola da Catatua

Lá a gente guardava a faca

Onde era proibido armas nua

 

Delegado era Pedro Chaves

Segurança, era um desafio

Moralizava toda a cidade

Resolvia tudo sem antifebril

Lá só tinha mesmo um porto

No sul da rua o “Quente Frio”

 

É nossa Atenas do estado

Meio mundo de literatos

Erasmo e Dona. Amarinha

Ambos calçavam sapatos

Fizeram hino para a cidade

Hoje estão nos agasalhos

 

Dos jângais de Riachão

Ele chegou bem nutrido

Criou-se em berço de ouro

Ao crescer tomou partido

Dedicou-se a literatura

Em Amaraji, sem alarido

 

Tem o nome de Gladisson

Mas o chamamos Roberto

Seu Raul cuidou do filho

E parecia um pé de abeto

Foi-se embora pra Recife

Porém continua por perto

 

Padre José Leão, mostra raça

Compôs música para o hino

Toda tarde tocava ópera

Através dos bafos e do sino

Na hora da missa era carrasco

Dava cobro nos meninos

 

Quem não lembra de Mariu

A família a chamava Mada

Foi até filha de Maria

Uma serva bem refinada

Conhecia bem a igreja

E era boa na tabuada

 

Mada era minha irmã boa

Morreu na 2ª eleição de Lula

O qual perdeu seis votos

A família de longe, fugiu a luta

Para enterrá-la com glória

Em Amaraji com toda cúpula

 

Moa é mais outro irmão

Que tenho nessa terrinha

Era agricultor, vendia farinha

Meteu-se em um sindicato

Onde passou o resto da vida

Até se aposentar da murrinha

 

Eu tinha um amigo barbeiro

Era seu Quincas Tabosa

Foi Barraqueiro em “Riacho

Das Pedras” lá vendia babosa

Mas era lá de Caruaru

E fazia as coisas com prosas

 

Vitor seu filho mais velho

Sempre bom na tabuada

Não prosperou como Barbeiro

Entrou na Força Armada

Aí fez carreira perfeita

É tenente, e vida compartilhada

 

Com uma das filhas de Amaraji

De seu Miguel no reinado

Era uma “Dores Day”, na adolescência

E prosperou no reinado

Disso que se chama casamento

Em caminho afortunado

 

Cassimiro era outro, agricultou

Era, mas vendedor do que obreiro

Vendia aguardente e café

E até sino, ao sentir o cheiro

Tinha uma sobrinha Suzanyla

Uma professora no terreiro

 

No Sítio onde moravam

Só ficou Marinho e Zuca

Marinho gostava de Gafieira

Tinha uma namorada “Tuca”

Mas casou mesmo com Socorro

E ainda hoje está na luta

 

Zuca também era boêmio

Trocou até de Mulher

Onde fez grande negócio

Não era chegado a cabaré

Tem propriedade arrojada

E uma professora como mulher

 

Moa com família constituída

Está bem vivo e trabalhando

Uma das filhas candidatas

Em Escada na luta porfiando

Por uma vaga na prefeitura

Vai tentar desvencilhando

 

Fechar esses versos é preciso

Lembrar de alguns professores

Muitos nomes ainda estão aí

A todos dou-lhes louvores        

Uma coisa eu lhes digo certo

Só saí da roça pelos mentores!

 

Aquilo que era tempo bom

Quando ainda existia o Fuá

Damiana era Senhora Madame

Zefa Tamió, deixa isso para lá

Tem até nome de Bairro

Vamos até lá comemorar

 

Da Paraíba chegou cedo

Nosso amigo José Teófilo

Trabalhador incansável

De boa vida, mas Filósofo

Vereador muito respeitável

E dizia: com o povo, eu posso!

 

Fecho com Doutor Jorge Coelho

Ao qual, este conheci de perto

Preparou nossa cidade Amaraji

Ele, fiscalizando o projeto.

Outros também fizeram bem

E nada foi feito por decreto

 

Agora algumas brincadeiras e fatos acontecidos por personagens dessa terra: algum parece jocoso, mas se apimentar a mente vai ver que foi verdade.

 

1-      Bio Pateta ou Severino Fabrício, já foi prefeito de Amaraji, mas quando era capitão do Time de Futebol, houve um caso curioso com nosso capitão da equipe de futebol. Quati e Valso, de Manoel Bodeiro, trouxeram um grupo de estudante do AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) para um amistoso com o time da casa. O Campo de futebol de Amaraji na época era arrodilhado de bananeira; um dos garotos de fora (Recife) perguntou ao Bio Pateta (capitão da Equipe); amigo onde é que tem Mictório aqui? Onde o nosso amigo foi em cima: o comércio aqui é fraco não vende isso não. Não amigo;  lugar de Mijar; ai Bio respondeu : ali atrás das bananeiras!

2-      O autor desses versos, Birino, num desfile de sete de setembro de 1962, que estava no 4º ano Ginasial, sofreu uma forte caganeira e teve que sair às pressas para procurar um banheiro. O desfile estava na rua de Tião Muriçoca, e na frente ficava a casa de Quiterinha irmã da esposa do meu padrinho Gode. O fato é que eu me apossei da casa dela e deixei um rastro de bosta da sala até o final do terreno, onde lá no fundo ficava o banheiro. Foi uma decepção dos diabos. Não deu outra fiquei literalmente com o apelido de cagão.

3-      Não relembro quando, mas provavelmente em dias de 1958, três personagens da cidade estavam de passagem por Mossoró no Rio Grande do Norte, onde foram ao enterro de alguém conhecido. Eram eles: Cassimiro do Camarão. Zezito irmão de Beca e Sino irmão de Gode. Se hospedaram numa pensão onde a dormida era em rede e sem banheiro, apenas um penico e uma maçaroca de jornal para uso se necessário, tinha também um Cassete e um Guarda chuva para quem quisesse se aventurar nas cercanias. Um deles estava de barriga desmantelada e usou o penico de Zezito e deixou o mesmo debaixo da rede dele. Havia recomendação por parte da administração que o cagão teria que gratificar o faxineiro na acordada pela manhã. Zezito esbravejou com Sino que era o mais brincalhão e esse levantou a perna e despejou uma chuveirada de peido e disse: o cara com caganeira num solta um peido desse!  Até hoje não se sabe quem foi o cagão. Alguns dessas pessoas “In memoriam”.

4-      Seu Azevedo, que vendia pão com um balaio na cabeça, e vendia Bicho também, o bicho era controlado por Seu Aristeu, comerciante e dono da Banca. Imagine só que nosso amigo Pãozeiro, saia da Rua (cidade de Amaraji) pela madrugada, caminhava até Nabuco e voltava com o balaio vazio e os pules de bicho no bolso. No dia seguinte a mesma pisada e a sorte daqueles que acertaram o bicho também no bolso para entregar ao sortudo. E olhe que nunca foi molestado com através de roubo. Criou os meninos com essa atividade sem nenhum incômodo a comunidade.

5-      Todo mundo conhecia Josué, comerciante da cidade, e este quando estava em Recife na Rodoviária do Cais de Santa Rita perscrutava antecipadamente se Moa meu irmão,  não estaria lá e se viajaria no mesmo horário. Pela tarde havia ônibus as 16 h 50  e ás 17 h e 50. Qual a razão: Moa soltava umas bufas intolerantes e Josué preferia trocar de horário.

6-      Outra história por debaixo do pano, dado o nome da pessoa que era muito conhecido e de posses (bem de vida) Seu Manoel Miguel. Naquele corredor do Abrigo e Escola de Menores, hoje tem até outro nome. Por ali havia uma pista de cavalhada que era de propriedade do Sr. Miguel em questão. Conta-se que  ele era capaz de dividir um peido em mais de trinta pedaços. Numa dessas festas o Cavaleiro de Gravatá assuntou e questionou com ele se ele dividisse o Peido em 10 pedaços (papouco) ele perderia o cavalo dele para o Gerenciador da Cavalhada, Seu Manoel Miguel. Cassimiro Pedro estava no meio dessa aventura (uma pena eu já tenha morrido), assim ele poderia asseverar a verdade. Vamos ao Peido – cortou em 18 pedaços e ganhou o cavalo arreado do outro fazendeiro. Era homem de posses, devolveu debaixo de muitas gargalhadas.

7-      Esse outro acontecido é mais decente. É sobre Nivaldo da Farmácia, irmão de Seu Beca. Nivaldo era empregado do governo e trabalhava no serviço de saúde e à tarde costuma fazer caridade sem nenhum interesse em dinheiro atendendo aquele que não podiam se locomoverem até à rua (cidade). Um desses casos aconteceu com meu pai onde morávamos a 4 km da cidade, Nivaldo ia à pé até ao Sitio Guariba aplicar injeção em meu pai sob recomendação do Dr. Jorge coelho.

8-      Outra é com meu amigo Tarcísio fontes (Tarcísio de Dona Elvira), ele também trabalhava na Farmácia Santa Teresinha e ficava radiante quando era para aplicar injeção nas Quengas do Fuá. Aquelas injeções perigosas tipo Bezétacil era aplicada na região glútea e ai Tarcísio fazia a feira. Tarcísio morreu novo ainda, era padrinho da minha filha Aline Fidelis, e que descanse em paz.

9-      Outra história jocosa e verdadeira, de quem foi supereconômico e eu diria fominha. Apesar de o personagem ser um indivíduo de boas posses era assim: morava em Guloso (4 Km) da cidade de Amaraji, estava na feira e certa vez dissera ao meu pai Francisco Fidelis, que ia embora pois estava com vontade de cagar e ia levar para os pintos,  os meninos (filhos) levariam a feira para casa. Camarada econômico chamava-se Seu Lau, pai de Antônio Pedrosa, acredito que hoje Antônio esteja morando em Amaraji. Antônio Pedrosa e Elias de “Dolores” trabalhavam na SUDENE em Recife, hoje Elias está morando na nossa cidade em questão.

10-  As curiosidades eu diria da família Amaraji eram muitas: por exemplo Seu Manoel Firmino, pai de Padrinho Gode, Amara. Santinha, Sino,  Pixeco e mais alguns, criou a família consertando relógio e guarda-chuva. Naquele tempo tanto rendia mais como podiam sofrer reparos diversos. Depois dos anos 70 aqui no Brasil e lá nos Estados Unidos já em 1929 a “Obsolescência” entrou em vigor para tirar os americanos da profunda recessão. Um exemplo eu tive em casa: papai Francisco Fidelis em 1935 comprou uma Botina, ele morreu no ano de 1958 e Moa meu irmão ainda usou a Botina por 12 anos. O Velho só ia à cidade duas vezes ao mês e de dois e dois anos na eleição. Ai é onde entra a Obsolescência, tudo hoje tem prazo de validade e nem sempre chega à data estipulada. “Obsolescência é a condição que ocorre a um produto ou serviço que deixa de ser útil, mesmo estando em perfeito estado de funcionamento, devido ao surgimento de um produto tecnologicamente mais avançado”.

11-  Amaraji terra de gente letrado e uns tantos outros poetas que deixaram escritos ou não. Um desses era Manoel Andrade, era igual Chico Nunes das Alagoas, improvisava e recitava versos de todo tipo e de toda gente. Terra de Senhores de Engenho, Severino Coelho, Manoel do Rocha,  coelho também, Luis de Animoso, Benigno de Barros e tantos outros. Um desses senhores de Engenho trouxe para Amaraji cidade seus filhos que se envolveram com a política, chegando a Primavera e Escada. O Senhor João Gouveia, descansando em boa paz no Cemitério da cidade.

12-  Uma das coisas que não me sai da lembrança, era meus dias no Grupo Escolar D. Luís de Brito, onde fui aluno de Dona Nieta Tabosa e Dona Neide Maria Lins. Eu era igual a Carlinhos de José Lins do Rego, e estava sempre de castigo na diretoria. Dona Dapaz mãe de Ana e Aline era meu anjo de guarda.Sempre que me via no castigo dizia: Neide esse menino é de Mariu e Santinha, me levava de volta pra sala de aula. Daí em diante fui estudar com Dona Lourde Barbosa, ai mudei de figura.

13-  Sai dai aos 21 anos de idade; quando você queria construir uma casa pedia licença ao proprietário da mata e encomendava ao machadeiro que lavraria as sete linhas principais da casa a fazer. Lá ia Benvenuto, João Pé de Légua ou Seu Caneu – Severino Caneu, pai de Lourdes de Moa.

14-  A nossa cidade tinha também de tabela os seus Cachaceiros famosos: João Pé de Légua, Toquinho.e muitos outros.