segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Pensando em Astronomia





Pensando em Astronomia



Severino Fidelis de Moura
Poema composto para a confraternização
de natal do Clube de Astronomia de Alagoa em 2005.




Um natal pensando alto
Em busca dos Messier
Bem acima das montanhas
Coisa pra ninguém
Somente com ajuda óptica
Eles chegam a aparecer

Desde os antigos Sumérios
Aos feitos de Ptolomeu
O homem vem estudando
Imitando até Galileu
As obras de  Astronomia
Nesse céu da cor de breu

Cada um faz sua parte
Nesse mundo conturbado
No caso do Astrônomo
Seja amador ou mestrado
Vê de luneta ou telescópio
O céu brasileiro estrelado

Nesse céu tão vasculhado
Nas noites escuras sem medo
E sempre na esperança
De descobrir um segredo
O brilho duma Supernova
Começo dum Buraco Negro.





Meu Perfil no Recanto das Letras




Meu nome, Severino Fidelis de Moura, sou natural de Pernambuco, nasci em 18 de janeiro de 1945. Fui trabalhador rural até os vinte e um anos. Nesse intervalo cursei o Primeiro Grau à noite, em escolas públicas. Daí em diante me desloquei para a capital do estado de Pernambuco (Recife), onde cursei o Ensino Médio, passando a trabalhar em industrias: inicialmente como Serviços Gerais, em seguida como Operador de Máquinas Estacionárias e posteriormente como Instrumentista Industrial até conseguir minha aposentadoria.
Sempre fui um individuo de certo modo brincalhão e desligado das coisas ruins da vida e alguns amigos meus ou de meus filhos, até escreveram coisas ao meu respeito, umas um tanto com sentido jocoso e outras tantas de elogio. Na seqüência, um cordel feito por um amigo de Francisco meu filho, João Araújo de Recife, Físico e Poeta. Ele descreve minha vida de Vendedor quando fiquei desempregado e encarei um bom período de turbulências.

Um Repente ao Ananias
Autor: João Araujo

Vem e escuta o meu repente
Meio mocho, meio fraco
Meio urbano, meio chato
Mas sincero e inspirado
Em cantar sua pessoa
Coração admirado

Seu menino de Maria,
Da pimenta e da cachaça,
Que abre a fome pros trabalho
E que as mangas arregaça
Construindo um telescópio
Só pra ver o céu de graça

Velho mestre, o Ananias:
Nunca vi tanta cultura
Bem cabendo num só homem
Variando com fervura
Pelo espaço que consome
Sem limites de moldura

Doutor Bira cientista,
Vendedor já afamado,
Já criou um violonista
Já mostrou ser muito honrado
Falta só ser citarista
Lá da Grécia, iluminado

Grande artista verdadeiro
Junto a Flor dos Pensamentos
Fez poesia apaixonada
Recitando alumbramento
Com a parceira assim casado
Foi criando os seus rebentos

Só não sei se foi parteiro
Mas de tudo já fez bem
Foi sem dúvida enfermeiro
Já foi Mistério do Além
Fez do simples seu preceito
Conduzindo o amor que tem

Bira lá do Tabuleiro
De Amaragi e de Goiana
Uma espécie de Jê Peto
Vitorioso com sua manha
De viver levando a vida
Com suas mais de mil façanhas

Viajante, aventureiro,
Em Caruaru faz a feira
Pra vender sombrinha, isqueiro,
Desodorante e peixeira
Consegue até vender veleiro
Lá pras bandas de Pesqueira

Severino dos inventos
Garrafada e boemia
Da mandinga pro sustento
Do cabra sem alegria
Vai curando os tormentos
De quem só tem agonia

Já foi no mar e na Lua,
Foi no Buraco da Jia
Conhece Clarke e flutua
Explicando Astronomia
Sabe os segredos da rua
E fala em filosofia

É o nosso Bira Nordestino
Do cantador e violeiro,
Gente que doma o destino
Com força de boiadeiro,
Com pureza de menino
E astúcia de cangaceiro.

Grande amigo vou partindo
Perdoe-me este repente
Que já chega atrasado
Mas vale o que a gente sente
Do meu peito sai verdade
Meu abraço comovente


Nestes versos de Heleno Ramalho, violonista e poeta, amigo de Francisco meu filho, quando este fazia o doutorado lá em Recife. Meu filho contou minha vida inicial de cortador de cana no município de Amaraji e como conheci a mãe dele hoje minha esposa. Chico resultou dessa união.

Quadras Sonhadas
Autor: Heleno Ramalho

Recife, 17 de janeiro de 2001

Naquele corte de cana
Um sonhador lá estava
Enquanto a vida passava...
Feliz aquele que sonha.

Na feitoria dos sonhos
Ia fazendo castelos,
Com o tijolo mais belo
Da olaria dos anos

Navegou em muitas águas
Na correnteza da vida,
E lá se vai noutra lida,
Juntando risos e mágoas?

Uma querência bonita
Um dia botou no peito,
Era seu sonho perfeito,
Em forma de normalista.

O vento passou risonho
Na trilha desse universo;
Para completar o verso,
Aqui se juntaram sonhos

Pra terminar a canção
Desse sonho que sonhava,
Um certo dia abraçava,
Fidelis, seu violão.

O meu amigo de infância Manoel Vitor Tabosa oficial da Reserva da Polícia Militar de Pernambuco, também escreveu alguns versos, os quais eu guardo com muito carinho, pois foi pura verdade essa pontuação alegada pelo meu amigo.

Ao Meu Amigo Birino

Cordel escrito por Manoel Vitor Tabosa meu amigo de infância, no aniversário da professora Dáia minha esposa, enaltecendo o nosso esforço que fazíamos para sairmos duma quebradeira naquele ano de 1997.

Ao meu amigo Birino
Que eu também chamo Zé
A gente chama o que quer
Mas o certo é Severino
Há muito que te conheço
Desde quando era menino

Sempre trabalhou pesado
No campo com agricultura
Ia a cidade todo dia
Aperfeiçoar a cultura
O esforço valeu a pena
Pensando na prole futura

Já tem um filho formado
E a filha se preparando
A esposa já se formou
E hoje está ensinando
Não é mais empregado
Para si está trabalhando

O começo foi muito ruim
Hoje está com os pés no chão
Vende boneco, brinco e foice
Régua papel e cordão
Vende até o que não tem
E quem compra é o Ladrão*

Do jeito que vai a coisa
O progresso já chegou
Até o Bodinho *amado*
Por um carro novo trocou
Se o Estado sair da crise
Vai vender por computador

*Mercadinho do Ladrão
**FIAT 147-1985


Era meu sonho alcançar a Universidade, não foi possível, assim dediquei toda atenção a minha esposa e aos filhos para que chegassem lá. Tanto minha esposa, Licenciada em Letras, como os dois filhos alcançaram e ultrapassaram alguns portais.
Aqui um depoimento através de um poema de grande sentido para mim. Foi escrito por uma pessoa que me ensinou a construir telescópios, dos quais ele fala no poema. Esse moço é professor de física na Rede Estadual de Educação do Estado de Alagoas. É presidente do Ceaal e está concluindo o mestrado em Meteorologia, na Universidade Federal de Alagoas.

Um menino chamado Birino

Adriano Aubert

Conheço um garoto que vive
fazendo telescópios
para ver as estrelas.
Não se cansa de pensar, de lixar
construindo vai sonhando,
sonhando em tê-las

É miúdo, mas não franzino.
Forte feito Órion,
sábio como Quíron,
que danado esse menino!

Dá risadas quando vê meteoros
Nunca está triste
e jamais desiste.
Doura a vida e
afina a água como cloro

Os anéis de Saturno são brinquedos do menino.
espia nos seus instrumentos,
com os olhos sedentos por luz.
Luz que traz beleza e emociona
os olhos e a alma de Birino.

Para Seu Fidélis de um discípulo desajeitado, mas esforçado.


Sou aprendiz em Astronomia Amadora, faço parte do CEAAL (Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas) (www.ceaal.org.br). Recentemente, tenho me dedicado a construção de Espelhos para Telescópios do tipo Newtoniano e também na montagem dos mesmos.
Sou casado com a professora Maria José Barros, carinhosamente chamada de Dáia.

Meu Grande Cabedal


Meu Grande Cabedal

Severino Fidelis de Moura


Ela sozinha possue tanta arte, que eu diria Joana D’arc.
Não dispondo de grandes riquezas, mas de enormes cabedais!
Duas mentes conjugadas, com outras mentes altaneiras...
Faz desta grande professora, livre, libertadora, está ai nos anais!...

Talvez não precise dizer mais; que diga seus esforços.
Pois eu jamais duvidaria, de mente tão perspicaz, tão audaz?!...

Cabedal de inteligência, força avassaladora e moral incontestável!...
Riqueza de espírito empreendedor, fausta prerrogativa ao estudo,
Confirma o conteúdo da prole que veio dela, e por ela passou a pronto.
Brindemos ao convívio de tão nobre companhia, quem diria?!...









domingo, 16 de dezembro de 2018

Encerramento Ceaal 2018



Confraternização Ceaal 2018

                  No mês de dezembro, os integrantes do Centro de Estudos Astronômicos do Estado de Alagoas CEAAL, fecham seus trabalhos reunindo o grupo numa confraternização de encerramento oficial das atividades do ano. Esse evento aconteceu no dia 15, sábado passado e foi um momento muito agradável.
                 A maioria dos sócios novos e antigos fizeram-se presentes e cerca de trinta pessoas abrilhantaram a noite.
                  Tudo começou com a palavra do presidente do clube, Romualdo. O mesmo proferiu mensagens de acolhimento, relembrou as atividades realizadas pelos sócios durante o ano de 2018 e fez um sorteio de treze Anuários Astronômico Catarinense 2019. Justificou-se que o sorteio seria necessário porque o número de exemplares não contemplaria a todos e usou alguns critérios simples e gratificantes, de modo que tudo saiu perfeito.
                  Em seguida a turma deliciou-se com salgadinhos, bolos, docinhos, sucos e refrigerantes.
      
                 PARABÉNS AOS ORGANIZADORES DO NOSSO ÚLTIMO ENCONTRO DO ANO.
           
                                                                                   













segunda-feira, 12 de novembro de 2018

18º ENCONTRO DE ASTRONOMIA DO NORDESTE (EANE). Relato e Poesia



Nos dias 12 e 13 de outubro do corrente ano (2018) a graciosa cidade de Bezerros em Pernambuco recebeu o  18º ENCONTRO DE ASTRONOMIA DO NORDESTE (EANE). Bezerros é uma cidade do agreste pernambucano distante aproximadamente 70 km da capital Recife. É um ambiente possuído pela cultura harmorial, pelo repente e pelas xilogravuras. Esta bela cidade acomodou o evento no Centro de Artesanato de Pernambuco (um local lúdico que manteve durante todo o evento diversos elementos da cultura pernambucana). Nesta atmosfera plural, o 18º EANE caminhou com diversas palestras importantes e também sempre mantendo uma constante adjacência com a cultura pagã e popular do agreste pernambucano. A abertura do evento foi abrilhantada com a palestra do prof. Dr. Antônio Carlos de Miranda da UFRPE sobre poluição luminosa atmosférica e suas consequências na prática da observação astronômica. No primeiro dia do EANE este que aqui escreve  sobre o supracitado evento teve a felicidade de proferir uma de minhas produções poéticas acerca da Astronomia nordestina   e sua trajetória  até os dias atuais. O poema intitulado “Um Vislumbre sobre nossa Astronomia aqui no Nordeste” foi lido por minha Sra. (professora “Daia”) perante uma plateia fervorosa.  O Eane então prosseguiu com diversas palestras interessantes com destaque para os temas associados com a Bramon e as mais recentes descobertas dentro do contexto de meteoros. 
Em linhas gerais o 18º EANE teve uma boa audiência e conseguiu sintetizar temas atuais da Astronomia Nordestina e Nacional bem como possibilitou aos participantes um passeio lírico pelo grande caleidoscópio cultural que é a cidade de Bezerros e o estado de Pernambuco. Vale também salientar que a organização do evento foi outro ponto de destaque enfatizando sempre a dinâmica do Mestre Audemário Prazeres e toda sua equipe.
 Na sequência a Poesia:


Um Vislumbre sobre nossa Astronomia aqui no Nordeste



Um vislumbre passageiro
Desse nosso jeito de agir
Com certa dificuldade
Sempre iremos prosseguir
Na correnteza do tempo
Ninguém nem deve impedir

Estamos celebrando um Eane
Que vem desde dois mil e cinco
É um encontro Nordestino
Onde fazemos com afinco
Astronomia entre os irmãos
Até num telhado de zinco

O Eane sempre irá proporcionar
Entre Entidades e Astrônomos
Um conhecimento melhor
Com telescópios ou Gnomos
Socializando as atividades
Onde todos somos autônomos

Com o domínio holandês
Trouxe Maurício de Nassau

O grande George Marcgrave

Com a luneta, objeto legal.                                     

Ele era somente cartógrafo

No entanto preparou o degrau

 

 

O degrau foi a Astronomia

Que aqui por estas bandas

Coube a Recife ser o Palco

Com toda sua propaganda

Deixando ela oficializada

Nossa América vestibulanda

 

Dom Pedro II pegou o fio

Dessa meada em andamento

Lançou bases altaneiras

Mostrando assim o intento

Nas mentes conceituadas

As quais descobriram a tempo

 

Rubens de Azevedo no Ceará

Logo ateou fogo ao estopim

Padre Polman lá em Recife

Que apreciava sururu e aipim

Levou a cultura da Astronomia

Até mesmo na ilha do maruim

 

Conheço alguns seguidores

Do padre Polman, um deles está,

Bem aqui: Audemário Prazeres.

O outro está com São Pedro, lá.

Foi o amigo Genival Leite Lima,

E deve estar no céu, bem acolá.

 

Pierson Barreto viu e conviveu

Com o Polman, e muita gente,

Da SAR, do CEA, lá em Recife.

Lupércio estava nesse contingente

De intrépidos alunos, colaboradores,

E o céu nunca saia de sua mente

 

Conheço mais alguns nessa peleja

Mas o espaço é curto para comentar

Correr atrás da ciência em questão

Para muitos parece até elementar

Porém olhando o céu com respeito

Você certamente deixará de duvidar

 

O nosso Nordeste está repleto

Dos lances de Polman e Azevedo

Dos estados do Maranhão a Sergipe

Estão olhando o céu sem ter medo

Sempre um grupo de pessoas, vendo,

O céu escuro e da juriti, o arremedo.

 

Lá em minha terra, nas Alagoas,

Adriano cuida bem do Observatório

Que leva o nome do eterno Genival

Romualdo e David fazem o relatório

Das atividades do nosso Ceaal

Onde aos sábados temos repertório








Telescópios da AAP,  esse grandão da direita foi de Pierson Barreto, ele  me deu para eu restaurá-lo e fazer uma doação a uma instituição ligada a Astronomia. Como eu gastei algum dinheiro para a restauração o amigo Audemário Prazeres me reembolsou e agora é da AAP (Associação Astronômica de Pernambuco)


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