domingo, 31 de outubro de 2010

Epitáfio


Epitáfio


Esta epígrafe está no túmulo do meu irmão, Amaro Fidelis de Moura, em Amaraji-Pe, ele também admirador de poesia. Aproveitei e fiz estas estrofes completando, quem sabe, os interesses do finado.

“Não pode dar grande obra”

Um pau que tem grande oco

Para uma fornalha tão grande

“Três carros de lenha é pouco”

O mundo anda desmantelado

O governo tome atitude

Ninguém liga pra juventude

Criança ao léu pra todo lado

È na rua é no mercado,

A miséria está de sobra.

E quem está moribundo?

Precisa ser bem cuidado

Tanta gente assim, jogado

“Não pode dar grande obra”



Chega mesmo a fazer medo

Passar por perto do fosso

O mato dando ao pescoço

Da juriti vem o arremedo

Assim vai o Marceneiro

Contando os cobres no bolso

Pela Mesa que vai fazer

Com a árvore para o abate

Que surpresa para o Vate

“Um pau que tem grande oco”



Uma moita de mato forte

Secado na força do sol,

Uma plantação de girassol

Alguém carrega o archote

Numa touceira de bambu

Não há água que abrande

Dez carroças de quenga de coco

Quando, porém pegar fogo

Tudo isso, ainda é pouco

“Para uma fornalha tão grande”



Precisa um trem de ferro

Carregado e estaqueado

Desses de carregar gado

Quinhentos bodes no berro

Para assar nesse forno

Até parece coisa de louco

Tanto murici e gramondé

Entulhado lá no terreiro

Por conta do cozinheiro

“Três carros de lenha é pouco”



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