Epitáfio
Esta epígrafe está no túmulo do meu irmão, Amaro Fidelis de Moura, em Amaraji-Pe, ele também admirador de poesia. Aproveitei e fiz estas estrofes completando, quem sabe, os interesses do finado.
“Não pode dar grande obra”
Um pau que tem grande oco
Para uma fornalha tão grande
“Três carros de lenha é pouco”
O mundo anda desmantelado
O governo tome atitude
Ninguém liga pra juventude
Criança ao léu pra todo lado
È na rua é no mercado,
A miséria está de sobra.
E quem está moribundo?
Precisa ser bem cuidado
Tanta gente assim, jogado
“Não pode dar grande obra”
Chega mesmo a fazer medo
Passar por perto do fosso
O mato dando ao pescoço
Da juriti vem o arremedo
Assim vai o Marceneiro
Contando os cobres no bolso
Pela Mesa que vai fazer
Com a árvore para o abate
Que surpresa para o Vate
“Um pau que tem grande oco”
Uma moita de mato forte
Secado na força do sol,
Uma plantação de girassol
Alguém carrega o archote
Numa touceira de bambu
Não há água que abrande
Dez carroças de quenga de coco
Quando, porém pegar fogo
Tudo isso, ainda é pouco
“Para uma fornalha tão grande”
Precisa um trem de ferro
Carregado e estaqueado
Desses de carregar gado
Quinhentos bodes no berro
Para assar nesse forno
Até parece coisa de louco
Tanto murici e gramondé
Entulhado lá no terreiro
Por conta do cozinheiro
“Três carros de lenha é pouco”
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